Jovens disponibilizam aplicação alternativa da GIRA nas lojas

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A Gira+, uma aplicação alternativa criada por dois jovens para as bicicletas partilhadas de Lisboa, já está disponível na Google Play e na App Store.

A Gira+ pode ser encontrada na Google Play e App Store (fotografia LPP)

A Gira+, a aplicação alternativa da GIRA criada por dois jovens, Tiago Teles e Rodrigo Palmeirim, passou a estar disponível nas lojas digitais – App Store e Google Play. O objectivo é tornar a app mais acessível. “É mais fácil para as pessoas recomendarem umas às outras. É só dizerem: ‘olha, é só ires à loja e instalar’”, explica Rodrigo. “Estamos à espera de ganhar muitos utilizadores só pelo facto de estar disponível nas lojas.”

A Gira+ pode ser descarregada aqui para iPhone e aqui para Android.

Rodrigo e Tiago desenvolveram a aplicação da GIRA+ no ano passado por necessidade: querem uma app para o sistema de bicicletas partilhadas de Lisboa que funcione. “A GIRA devia ser um serviço em que tiras o telemóvel do bolso, desbloqueias e voltas a pô-lo no bolso”, diz Tiago.

No entanto, a aplicação oficial, desenvolvida pela EMEL, é lenta de forma geral, desde o carregamento do mapa das estações até ao processo de selecção e desbloqueio das bicicletas Além disso, está frequentemente a encerrar a sessão das contas, forçando as pessoas a reintroduzir o e-mail e password. “A aplicação da EMEL tem muitos problemas, mas acho sinceramente que o problema mais chato de todos é a mesma questão de estar sempre a fazer logout e de se perderem o login”, aponta o jovem de 24 anos.

Na verdade, a app oficial da GIRA não guarda os dados de login dos utilizadores, pelo que, sempre que a aplicação faz logout, as pessoas têm de inserir novamente todos os seus dados. É frequente a aplicação obrigar constantemente a iniciar sessão; muitas vezes acontece a cada utilização, o que frustra os utilizadores, sobretudo os mais frequentes. Este problema não ficou resolvido na actualização de Novembro, que custou 20 mil euros à EMEL.

A Gira+ é uma alternativa fiável e rápida. Não só não está sempre a fazer logout das contas, como o mapa com as estações carrega num instante, permitindo também com rapidez clicar na estação, escolher uma bicicleta e deslizar para desbloqueá-la. Com a Gira+, é possível fazer em menos de um minuto aquilo que na app oficial pode demorar o dobro do tempo. Sempre que a Gira+ não responde ou está lenta, isso deve-se ao facto de depender dos servidores oficiais da GIRA e de um sistema criado pelos jovens para contornar as tentativas de bloqueio da EMEL. Nesses momentos em que a Gira+ falha, a melhor solução é fechar e voltar a abrir a aplicação.

Com a Gira+, é possível fazer tudo, excepto comprar um passe ou carregar saldo. Para essas tarefas, vais continuar a precisar da aplicação oficial.

“Gostávamos muito que houvesse uma atitude mais colaborativa da EMEL”

A disponibilização da Gira+ nas lojas da Apple e da Google vem facilitar o acesso a esta aplicação alternativa. É que, apesar de ela estar disponível há mais de um ano, era preciso ir ao GitHub descarregar o ficheiro APK e instalá-lo num telemóvel Android; no caso do iPhone, tinhas de mandar mensagem aos programadores para pedir acesso à aplicação pelo TestFlight. Para muitas pessoas, estes processos são complicados de perceber.

“Vejo imensa gente nas estações a ter problemas e eu, como fiz uma aplicação que funciona melhor, queria recomendá-la, mas era difícil explicar de uma forma simples como podiam instalá-la”, conta Tiago. Agora, é só dizer às pessoas para pesquisarem na App Store ou Google Play.

O processo de aprovação de disponibilização da aplicação nas lojas não foi fácil. Tiago e Rodrigo tiveram de pagar cerca de 130 euros para estarem nas duas plataformas, dinheiro que saiu do bolso dos dois jovens, que contaram ainda com donativos. Tiveram ainda de assegurar perante a Google e a Apple a legitimidade da app, deixando bem claro que se trata de uma aplicação não oficial que, ainda assim, assegura a segurança e privacidade dos utilizadores.

Desde a primeira versão da Gira+, os dois jovens adicionaram algumas funcionalidades novas como o modo escuro (“foi a funcionalidade que mais nos pediram”, conta Rodrigo). A aplicação passou a estar disponível em inglês e a mostrar o percurso feito pelos utilizadores ao longo da viagem. “E estamos em preparação para fazermos o sistema de navegação, que vai sair provavelmente na versão 1.2”, diz. Nos últimos meses, dizem que estiveram “bastante tempo sem trabalhar em nada”, não por desmotivação mas “à espera de ver o que acontecia com a EMEL, se iam tentar bloquear, como é que iam bloquear e se conseguíamos facilmente dar a volta”.

O roadmap de funcionalidades previsto para a Gira+ (via GitHub)

Os dois jovens não recolhem nenhuma informação dos utilizadores, excepto algumas estatísticas anónimas de utilização (esta recolha é opcional e pode ser activada/desactivada), e comunica directamente com o API da GIRA, tal como a aplicação oficial, sem passar por servidores intermediários. Esta afirmação pode ser verificada no código fonte da aplicação, disponível de forma aberta no GitHub.

Tiago e Rodrigo gostavam que a EMEL acarinhasse o trabalho que fizeram, pelo menos enquanto a aplicação oficial da GIRA não é melhorada significativamente. “Nós gostamos muito do serviço da GIRA. Gostamos das bicicletas e apreciamos imenso o esforço de manutenção da rede, mesmo com os seus altos e baixos”, diz Tiago. “Gostávamos muito que houvesse uma atitude mais colaborativa da EMEL, porque há pessoas que claramente não estão a tentar fazer mal nenhum à EMEL ou à GIRA.”

“Há pessoas que estão interessadas em doar o seu tempo a fazer aplicações destas e achamos muito aborrecido da parte da EMEL serem tão hostis para connosco – e para com o Afonso [criador da mGIRA, outra aplicação alternativa da GIRA] e para com outras pessoas que querem fazer projetos na área”, completa Rodrigo. “Acho que pagar para nos bloquearem é absurdo. Eu ainda quero acreditar que não foi exatamente assim, que não foi pagar para nos bloquear. Que eles acreditavam que existiam problemas de segurança na aplicação e foi uma questão de desconhecimento deles.”

EMEL está a desenvolver nova app para a GIRA

A EMEL garante ter o desenvolvimento de uma nova aplicação para a GIRA já em contratação – o concurso público por qualificação prévia foi lançado em Dezembro de 2024 no valor de 1,5 milhões de euros e desde Janeiro deste ano que aguarda publicação no portal Base. A EMEL considera que “a actual solução informática, existente desde o início em 2017, deixou de dar a resposta necessária, tanto em termos de performance técnica face ao número de bicicletas e estações, mas também face ao crescimento de clientes utilizadores que se tem verificado”, pode ler-se no caderno de encargos.

O concurso diz respeito não só ao desenvolvimento de uma aplicação para o cliente final como também de uma aplicação para uso interno, e ainda de um backoffice, entre outras particularidades mais técnicas. A EMEL pretende que toda esta nova solução “assente em tecnologias e arquitecturas modernas” e permita à empresa municipal “a flexibilidade e capacidade de evoluir criando novas oportunidades de melhoria”.

Até lá, para os utilizadores do serviço, alternativas como a Gira+ ou a mGIRA vão continuar a ser das formas mais fiáveis de aceder aos sistema de bicicletas partilhadas de Lisboa. A GIra+ pode ser descarregada aqui para iPhone e aqui para Android.

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