O final do ano ficou marcado por uma greve dos trabalhadores da Higiene Urbana da Câmara de Lisboa. Os sindicatos acusaram a autarquia de não cumprir o acordo assinado em 2023, mas Moedas apresentou uma leitura diferente e classificou a paralisação como “injusta” para os lisboetas, afirmando que estes não poderiam ser “vítimas de qualquer estratégia de afirmação política”. Mas, afinal, quem tem razão? E o que diz, detalhadamente, cada parte?

Há muito que se fala do lixo acumulado nas ruas de Lisboa. Moradores dizem que a cidade está mais suja e fotografias de resíduos acumulados em torno das eco-ilhas vão sendo partilhadas nas redes sociais. O PS chegou a espalhar billboards pela cidade com a imagem de caixotes cheios de lixo e o nome de Moedas. Campanha na qual o Presidente da Câmara depressa pegou, antecipando um tema que seria, sem dúvida, arma de arremesso político nas eleições de 2025 e fez da higiene urbana uma das suas prioridades.

Na apresentação do Orçamento Municipal para 2025, foi anunciada uma verba de 38 milhões de euros para a higiene urbana – um reforço de 65% em relação aos 23 milhões orçados para 2024. Num balanço do mandato, o orçamento total nesta área foi de 150 milhões, mais 67% em relação aos 90 milhões do mandato anterior dos socialistas. Desse bolo, 17 milhões terão sido para a aquisição de viaturas, mais 6 milhões comprando com o mandato de Medina.
"Contratámos cerca de 400 novos funcionários para os quadros do departamento de higiene urbana e abrimos os procedimentos para a contratação de mais uma centena, nos próximos meses”, referiu o Vice-Presidente, Filipe Anacoreta Correia, na apresentação das previsões orçamentais aos jornalistas.
Ao mesmo tempo, a higiene urbana tornou-se um tema central nas redes sociais da Câmara de Lisboa, com a autarquia a partilhar vídeos de entrevistas a residentes e visitantes, fotografias da limpeza das ruas e recolha de resíduos, e também uma polémica intervenção de uma munícipe numa reunião pública descentralizada.
É neste contexto que chegamos a 18 de Dezembro, com uma greve convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) e pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), e com uma conferência de imprensa de Moedas. Os trabalhadores e trabalhadoras da higiene urbana da Câmara de Lisboa ameaçavam parar durante o Natal e Ano Novo.