A história repetiu-se. Várias pessoas ocuparam a Avenida da Índia por uma cidade mais segura

Fotografia de Mário Rui André/Lisboa Para Pessoas

Um ano depois, a história repetiu-se. Uma nova morte na estrada, envolvendo uma mulher grávida de bicicleta, levou a que centenas de pessoas se juntassem esta manhã de sábado no local do trágico sinistro. O intuito: lembrar Patrizia, mas assinalar também todas as outras vítimas na estrada e pedir cidades mais seguras e inclusivas para todos e todas.

Durante cerca de 20 minutos, centenas de ciclistas e de peões permaneceram em silêncio em plena Avenida da Índia, entre Belém e Algés, em torno do ponto onde decorreu o sinistro. Com o trânsito cortado por um vasto dispositivo da PSP, o silêncio tornou-se a mensagem mais poderosa. Várias pessoas ergueram cartazes com mensagens diversas, pedindo nem mais uma vítima, cidades onde se possa brincar, ruas mais seguras, velocidades mais baixas e maior fiscalização dos comportamentos dos automobilistas.

O silêncio só foi quebrado pela passagem do comboio e, no final da acção, por uma salva de palmas e tocar das campainhas da bicicleta. E antes do silêncio houve acordeão e uma espécie de desgarrada; um senhor tinha chegado à Avenida da Índia “para fazer uma performance”. Estava zangado com a morte de Patrizia e perguntava porque não há limites de velocidade predefinidos nos automóveis como existem, por exemplo, nas bicicletas eléctricas (em que, por norma europeia, o motor de assistência desliga-se aos 25 km/h).

As centenas de pessoas que ocuparam a Avenida da Índia chegaram de Lisboa e de municípios à volta, como Oeiras ou Almada. Houve “comboios de bicicletas” organizados por vários participantes e de diferentes locais, facilitando a chegada a Belém. A vigília foi convocada através das redes sociais e foi também através destas que os participantes se mobilizaram, com a ajuda de diferentes associações e movimentos ligados à bicicleta e à segurança rodoviária. A mobilização em números terá sido igual ou ligeiramente maior em relação à do ano passado, apesar do tempo de chuva que se fez sentir. Estima-se que entre 600 e 700 pessoas terão estado presentes.

O ponto de encontro foi um parque de estacionamento em Algés, a poucos metros do sítio do sinistro. Enquanto se esperava pelo início da vigília, mulheres, homens, crianças, jovens ciclistas citadinos, ciclistas profissionais, peões… trocavam-se experiências e opiniões sobre a utilização da bicicleta na cidade e sobre os perigos que rotineiramente encontram. Preparavam-se ainda os cartazes e distribuíam-se flores. A deslocação do ponto de encontro para o local da vigília decorreu em marcha lenta e em silêncio pela Rua Fernão Mendes Pinto. Também neste momento soaram as campainhas das bicicletas.

Podes ver em cima e em baixo a fotogaleria da vigília. Partilhamos também um vídeo com alguns dos sons e silêncios deste acontecimento.

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