Um milhar de pessoas mobilizou-se pela ciclovia da Almirante Reis, na maior manifestação de sempre

Protesto arrancou no Martim Moniz, percorreu a ciclovia da Almirante Reis em cada sentido e terminou na Praça do Município. Pessoas foram-se juntando ao longo do percurso. No final, seriam um milhar.

Fotografia cortesia de Miguel Barroso/Lisboa Para Pessoas

Pouco passava das 18 horas e cerca de 500 pessoas, maioritariamente utilizadores da bicicleta como meio de transporte, já se acumulavam na Praça do Martim Moniz. O objectivo: manifestarem-se pela manutenção da ciclovia na Almirante Reis e pela continuação da expansão da infraestrutura ciclável da cidade, mas também por uma Lisboa mais humana e inclusiva para todas as pessoas, incluindo para quem se desloca a pé.

Por volta das 18h30, a manifestação iniciou-se com um desfile pela ciclovia da Almirante Reis, começando na Praça do Martim Moniz até à Alameda e descendo daí de novo para o Martim Moniz, seguindo depois pela baixa até à Praça do Município. Novas pessoas foram-se anexando ao longo do percurso, a meio da avenida já seriam 600 manifestantes e quando o grupo retornou ao Martim Moniz a organização contou 800 intervenientes. Na Praça do Município, juntaram-se mais pessoas de bicicleta e outras que seguiam a pé, tendo-se chegado a um milhar de presentes, de várias idades, géneros e opções de mobilidade. Tratou-se da maior manifestação de sempre de ciclistas em Lisboa.

Os dados foram contabilizados pela organização da manifestação, que foi convocada através das redes sociais. No evento de Facebook, responderam mais de 1200 pessoas. Os meios disponibilizados pela Polícia de Segurança Pública (PSP) provaram ser insuficientes para tamanha adesão, tendo sido reforçados. A PSP acabou por cortar temporariamente o trânsito na Avenida Almirante Reis para a passagem em segurança do grupo, tendo os oficiais contado com a ajuda de civis nessa tarefa em alguns pontos. Os cálculos da PSP, fornecidos à organização, apontam para três mil presentes.

Entre os participantes, estiveram elementos do novo executivo, como Rui Tavares, do Livre, Beatriz Gomes Dias, do BE, Miguel Gaspar, antigo vereador da mobilidade, do PS, e Ana Jara, da CDU. Todos os vereadores tinham sido convidados pela organização, por carta, para a manifestação, incluindo o presidente Carlos Moedas, que acabou por não comparecer. A concentração terminou em frente à Câmara Municipal na Praça do Município, onde foram proferidos discursos por diferentes pessoas e onde uma bicicleta foi presa ao pelourinho.

“Esta questão entrou no debate político de forma inquinada. Aquilo que queremos é uma solução mais equilibrada e que seja possível toda a gente circular. O que nós estamos a pedir é um diálogo”, sublinhou Miguel Pinto, um dos organizadores do protesto, citado pela agência Lusa. Sempre vivi em Lisboa e o meu modo de transporte é a bicicleta. Esta ciclovia trouxe-me para o comércio desta zona. Está num eixo central que é utilizado por muita gente”, apontou Catarina Lopes, que também integrou a organização.

Durante a campanha eleitoral, Carlos Moedas prometeu remover a ciclovia da Almirante Reis e rever todo o plano ciclável da cidade, comprometendo-se, no entanto, com a expansão da rede de ciclovias. A manifestação decorreu um dia depois da tomada de posse do novo executivo. Ainda não são conhecidas as pastas, mas Ângelo Pereira deverá ficar com a vereação da mobilidade. No discurso de tomada de posse, Moedas reforçou a vontade de construir políticas com as pessoas, envolvendo-as nas decisões da cidade.

Esta foi a terceira manifestação de ciclistas em Lisboa no espaço de um ano e meio. No início dos Verões de 2020 e de 2021, duas vigílias mobilizaram centenas de pessoas no Campo Grande e na Avenida da Índia, que pediram cidades mais seguras para todos/as.

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