Está a nascer uma ciclovia em Monsanto para ajudar a acalmar o tráfego no parque florestal

Ciclovia está a ser criada num troço da Estrada do Barcal, que passa assim a ter uma via de trânsito generalizado. Infelizmente, não há ligação à rotunda de Pina Manique, por onde passa a actual ciclovia da Radial e do Parque de Campismo.

A ciclovia já existente ao longo da Estrada da Belavista; a nova, na Estrada do Barcal, agora em construção será idêntica (fotografia de Mário Rui André/Lisboa Para Pessoas)

A rotunda de Pina Manique, em Benfica, onde hoje termina a ciclovia da Radial de Benfica e se inicia a recente ciclovia até ao Parque de Campismo de Lisboa deverá, em breve, ser o ponto de encontro de mais duas ciclovias: uma pela Estrada do Calhariz de Benfica, até bem perto da estação ferroviária, e outra pela Estrada do Barçal que segue por dentro de Monsanto.

Ora, o concurso público para a construção do troço na Estrada do Calhariz de Benfica, que tinha sido lançado em Junho deste ano pela EMEL, acabou por ser cancelado devido a um erro na documentação do processo. Mas a ciclovia na Estrada do Barcal está a ser construída de momento, no âmbito de uma empreitada maior com vista a acalmar o tráfego em Monsanto. O parque florestal é das zonas de Lisboa com menor infraestrutura ciclável, apesar do seu potencial para trajectos utilitários de bicicleta – principalmente de bicicleta eléctrica.

A ciclovia da Estrada do Barcal

O troço na Estrada do Barcal – que tinha sido desenhado em 2015 e que foi englobado num concurso público em 2017 – vai iniciar-se na rotunda da Vila Guiné, a escassos metros da rotunda de Pina Manique, não estando prevista, infelizmente, ligação à infraestrutura ciclável já existente nesta zona. Assim, a partir da ciclovia da Radial/Campismo será preciso fazer um pouco da movimentada Estrada de Monsanto até à reformulada rotunda da Vila Guiné, que cruza as estradas do Barcal e do Outeiro.

A nova ciclovia bidireccional vai iniciar-se praticamente no início da Estrada do Barcal: nos primeiros metros, a estrada mantém os dois sentidos para não bloquear o acesso aos moradores da Vila Guiné. Com a nova pista, a Estrada do Barcal passará a ter um único sentido um sentido de circulação viária de sul para norte, ou seja, da Vila Guiné em direcção ao antigo campo de tiro – hoje Monsanto Secret Spot –, um pouco antes do Centro Interpretativo de Monsanto (CIM). É neste ponto que a ciclovia bidireccional termina, apesar de a Estrada do Barcal seguir até à rotunda da Serafina onde se cruza com a Estrada da Serafina e com a Avenida 24 de Janeiro. Na zona do antigo campo de tiro, os ciclistas são reencaminhados para um trilho pré-existente mas podem também, naturalmente, seguir pela estrada.

Numa visita ao local, o Lisboa Para Pessoas encontrou algumas marcações da ciclovia já feitas em praticamente toda a extensão da Estrada do Barcal, com a excepção de alguns troços que estavam a ser repavimentados. De acordo com a memória descritiva do projecto, esta repavimentação está prevista em três alargamentos feitos à estrada – um para permitir estacionamento, outro para encaixar uma paragem de autocarro e um terceiro para facilitar uma viragem à esquerda, já na parte final da intervenção junto ao antigo campo de tiro.

Do lado da Vila Guiné, está prevista a criação de um pequeno trilho lateral à Estrada do Barcal na parte onde esta mantém dois sentidos, entre o fim da ciclovia e a rotunda, para evitar que os ciclistas que venham da pista ciclável ou queiram a esta aceder fiquem sem resposta. “O trilho deverá ser marcado em terreno natural, devidamente desmatado, limpo e compactado, à semelhança dos restantes trilhos identificados na periferia da Intervenção”, lê-se na memória descritiva. No entanto, o Lisboa Para Pessoas não encontrou sinais de construção este trilho, apesar de a obra na rotunda da Vila Guiné já parecer estar praticamente consumada.

A nova ciclovia na Estrada do Barcal será semelhante à que já existe ao longo da Estrada da Belavista e que permite aceder ao Panorâmico de Monsanto.

Falando da rotunda, a intersecção da Vila Guiné deixa com esta intervenção de acalmia de ser semaforizada. O espaço viário foi em algumas partes encurtado, os passeios foram melhorados, os atravessamentos pedonais estão agora melhor sinalizados, foram colocados ilhéus em cada entrada/saída da rotunda, e colocou-se piso antiderrapante nas partes críticas. Todas estas medidas procuram acalmar o tráfego sem a necessidade de semáforos. “Para além da reconversão da Rotunda para um formato mais tradicional, toda a solução baseou-se na premissa da eliminação do sistema de semaforização. A materialização dos ilhéus separadores vai obrigar a maiores deflexões, o que por sua vez se traduzirá em velocidades de circulação menores”, pode ler-se na descrição do projecto.

Acalmias nos Montes Claros

Além da rotunda da Vila Guiné, está a ser intervencionada a rotunda dos Montes Claros, numa outra parte do parque florestal. Igualmente movimentada, esta rotunda é atravessada pela Estrada do Penedo, sendo que permite também a ligação ao parque/restaurante dos Montes Claros, de um lado, e a toda a zona pedonal e ciclável em redor do Anfiteatro Keil do Amaral.

Nesta rotunda, estão a ser reduzidas as larguras das vias e o espaço pedonal está a ser alargado para melhorar o conforto de quem ali atravessa, os autocarros vão ter novas zonas de paragem e a largura da Estrada do Penedo será reduzida no troço sul com a criação de lugares de estacionamento. No total, serão criados 42 lugares para quem queira aceder ao Keil de Amaral. Tal como já acontece hoje, “o acesso à Alameda Keil do Amaral será reservado a veículos de emergência e manutenção. Para tal, a plataforma de pavimento desta via será alteada, ficando de nível com o passeio pedonal ao longo de uma extensão de cerca de 38 metros”.

A rotunda ficará com um aspecto semelhante à da Vila Guiné ou à da Serafina, esta intervencionada numa outra empreitada. A memória descritiva refere ainda que “para evitar atravessamentos indesejáveis na rede viária e como forma de promover a segurança da circulação pedonal, estão previstas barreiras de madeira em todo o perímetro das vias”.

A rotunda da Serafina (fotografia de Mário Rui André/Lisboa Para Pessoas)

A actual empreitada prevê também melhorias de segurança no cruzamento entre a Estrada da Belavista (a do Panorâmico de Monsanto onde existe uma pista ciclável bidireccional semelhante à que vai ser implementada agora na Estrada do Barcal) e a Estrada da Serafina, perto do acesso à Avenida de Ceuta, e ainda ajustes em oito atravessamentos pedonais ao longo do parque florestal. Podes encontrar a documentação completa em baixo.

É pena, no entanto, que estas intervenções de acalmia não levem a sério a criação de infraestrutura ciclável utilitária no parque florestal de Monsanto. Por exemplo, pela Estrada do Barcal seria possível seguir depois pela Estrada da Serafina, daqui apanhar a Estrada da Belavista e chegar aos Montes Claros, apanhando aqui o troço da Estrada do Outeiro que está fechado ao trânsito e que permite aceder à ciclovia do Parque de Campismo.

Só este percurso permitiria dar a volta a Monsanto e aceder a vários dos seus pontos de interesse, como o Centro de Interpretação, o Keil do Amaral ou os Montes Claros. Note-se que o Pólo Universitário da Ajuda dista poucos metros dos Montes Claros e poderia também ficar ligado a esta rede. Monsanto tem ainda a oportunidade de ligar bairros como os da Ajuda ou de Belém à freguesia de Benfica, mas também a Campolide. Apesar da inclinação existente em Monsanto, esta é facilmente vencida com recurso a bicicletas eléctricas.

As soluções de acalmia de tráfego já pensadas para Monsanto prevêem mais três intervenções, que deverão ser executadas noutras empreitadas: são elas no cruzamento da Estrada do Alvito com a Estrada da Pimenteira, no cruzamento da Estrada do Alvito com a Alameda Keil do Amaral (Nascente) e nas Rotundas da Cruz das Oliveiras.

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