
Apesar de ter registado, fruto da pandemia, um decréscimo de 51% no número de passageiros, de 46,5% no de validações de passes e de 67% nas viagens ocasionais de 2019 para 2020, o Metro de Lisboa olha agora para o futuro – não só para uma expectável recuperação destes valores mas também para um crescimento da procura habitual.
São vários os investimentos previstos na próxima década na rede do Metro de Lisboa com o intuito de a alargar mas também de captar novos passageiros. Em resumo:
- a Linha Circular (ou nova Linha Verde), cuja construção se inicia este ano para estar pronta no final de 2023 e para a inauguração acontecer em 2024. Serão mais 2 km de rede para unir as linhas Amarela e Verde entre o Cais do Sodré e o Campo Grande, num novo anel circular no centro de Lisboa. Vão ser construídas duas novas estações: uma na Estrela, em frente à Basílica, e outra em Santos, no Largo da Esperança, bem perto do ISEG. A Linha Circular deverá dar ao Metro 24,7 milhões de novos clientes e à rede de transportes públicos 30,8 milhões de novos passageiros, tirando 18,8 milhões de utilizadores de automóvel. O investimento será de 210,2 milhões de euros, maioritariamente de fundos europeus.

- expansão da Linha Vermelha, que deverá ser prolongada a partir de São Sebastião e até Alcântara; serão mais 4 km e mais quatro estações: Amoreiras, Campo de Ourique, Infante Santo e Alcântara. Este prolongamento da Linha Vermelha é tema para 2025, encontra-se previsto no Plano de Recuperação e Resiliência 2021-2026 e conta com um investimento europeu de 304 milhões de euros. Estima-se que o prolongamento da Linha Vermelha represente um acréscimo de 11 milhões de novos passageiros em toda a rede do Metro e que retire 3,7 mil viaturas individuais das estradas diariamente.
- o metro ligeiro de superfície entre Odivelas e Loures também está inscrito no Plano de Recuperação e Resiliência 2021-2026 e prevê uma linha de 12,4 km com um total de 18 paragens. No concelho de Loures, servirá as freguesias de Loures, Santo António dos Cavaleiros e Frielas, com cerca de 11 paragens num total de 8,4 km. No concelho de Odivelas, irá servir as freguesias de Póvoa de Santo Adrião, Olival Basto, Odivelas, Ramada e Caneças, com cerca de sete paragens num total de 4,0 km. O traçado é ainda suscetível de alterações, embora não significativas. Esta linha irá estender-se num corredor em “C”, que ligará o Hospital Beatriz Ângelo ao Infantado, com interface e transbordo para Lisboa na estação de metro de Odivelas. O metro ligeiro de Odivelas/Loures representa um investimento previsto de 250 milhões de euros.

A expansão da Linha Vermelha em detalhe

A vontade de prolongar a Linha Vermelha até Alcântara não era segredo mas são conhecidos agora os detalhes do traçado proposto. A partir da estação de São Sebastião, localizada junto ao El Corte Inglés, o metro seguirá pela Rua Marquês da Fronteira até às Amoreiras, onde terá estação junto ao centro comercial; daqui passará a poucos metros da estação do Rato e seguirá para Campo de Ourique, com paragem no Jardim da Parada, bem perto da icónica Rua Ferreira Borges; segui-se-á a estação Infante Santo, localizada na avenida com o mesmo nome; contornando a Tapada das Necessidades, o metro chegará a Alcântara, parando perto da estação ferroviária de Alcântara-Terra, onde também parará o futuro LIOS.
Podes conhecer melhor o traçado proposto na galeria em baixo:
Prevê-se que, no futuro, a Linha Vermelha possa seguir de Alcântara para Santo Amaro.
Em estudo, está um eventual prolongamento da Linha Amarela a partir de Telheiras e em direcção a Benfica, que possa, por exemplo, cruzar a Linha Azul na estação Colégio Militar/Luz.
Ainda a Linha Circular
Apesar de polémica e de praticamente só o PS a defender, a Linha Circular vai avançar, aproveitando o financiamento europeu para o projecto. Uma cerimónia política na freguesia da Estrela, no início deste mês, marcou o arranque as obras. A ideia é criar um “anel estruturante” que permita “a existência de uma área central de oferta diferenciada com uma elevada frequência dos comboios” e que não seja comprometida pelas futuras expansões, conforme refere o Metro de Lisboa em informação enviada à imprensa.
“Esta linha terá um papel fundamental na mobilidade metropolitana já que vai melhorar a distribuição local dos passageiros que, a partir dos concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, acedem a Lisboa pelos diversos meios de transporte público ferroviário, fluvial e rodoviário”, lê-se no mesmo documento, acompanhado por um mapa que quantifica um volume diário de passageiros, sem igual, no Cais do Sodré: são 20,5 mil da CP e 15 mil de via fluvial. A pressão sente-se também na interface rodoviária do Campo Grande, onde chegam diariamente 25 mil passageiros das carreiras suburbanas de autocarros, e em Entrecampos, que recebe 28,5 mil passageiros diários da CP e Fertagus.

Segundo as previsões avançadas pelo Metro de Lisboa, prevê-se com a linha circular um aumento significativo do número de clientes nas estações Cais do Sodré, com 60 mil entradas diárias, na Entre Campos, com 49 mil, Marquês de Pombal, com 35 mil, e Campo Grande, com 21,7 mil. “Assim, a linha circular possibilita o fecho das redes metropolitanas – ferroviária, fluvial e autocarros suburbanos – estruturando todo o sistema de transportes da AML e permitindo uma rápida distribuição em Lisboa”, lê-se.
No Lisboa Para Pessoas já escrevemos sobre a Linha Circular aqui.