AM Lisboa já tem uma estratégia metropolitana de inovação

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A Área Metropolitana de Lisboa quer afirmar-se como uma das regiões mais inovadoras da Europa e avançar com a criação de uma marca única para o sector. Esse é um dos objectivos da Estratégia de Inovação para os próximos três anos, apresentada recentemente. A execução dependerá agora da vontade política dos 18 municípios.

A Unicorn Factory no Beato, Lisboa (fotografia LPP)

Afirmar a área metropolitana de Lisboa como uma região de inovação, onde os 18 municípios colaboram e contribuem para uma visão integrada do território, com uma marca única que seja reconhecida tanto a nível nacional como internacional, é o grande objetivo da recentemente apresentada Estratégia de Inovação para a Área Metropolitana de Lisboa.

Esta estratégia foi construída pela NOVA Information Management School (NOVA IMS), em articulação com a Área Metropolitana de Lisboa (AML) e os seus 18 municípios, e teve também a colaboração de um conjunto de especialistas em inovação. O documento – que foi elaborado com a auscultação de técnicos de municipais e de peritos da área – define uma estratégia a três anos que pode ser implementada com um orçamento que “não chega a um milhão de euros”, disse Vítor dos Santos, investigador da NOVA IMS e coordenador do projecto. “É mais uma questão de vontade do que de recursos.” Na verdade, a concretização desta estratégia vai depender, tal como outros documentos estratégicos da região, da vontade política dos decisores dos municípios.

Actualmente existem, na área metropolitana de Lisboa, vários pólos de inovação. O mais sonante é a Unicorn Factory, em Lisboa, que agrega hubs no Beato (ex-Hub Criativo) ou na Rua da Prata (ex-Startup Lisboa), por exemplo. Na verdade, Lisboa tem vindo a afirmar a sua marca como “Unicorn Capital” ou, mais recentemente, “Capital Europeia da Inovação” – à boleia do grande evento anual que é o Web Summit –, mas não tem um trabalho integrado com os municípios vizinhos. Navegando pelo território da área metropolitana de Lisboa, podemos encontrar no ecossistema do empreendorismo e inovação projectos como o Almada Innovation District, o Seixal Criativo ou a Startup Barreiro.

A Unicorn Factory no Beato, Lisboa (fotografia LPP)

Durante quatro anos de trabalho foi feito um diagnóstico da situação da área metropolitana de Lisboa, desenhou-se um plano estratégico de inovação e concebeu-se um plano de acção que pretende, num cenário realista, melhorar progressivamente a projeção internacional da região nos próximos anos. Segundo Vítor dos Santos, o trabalho de elaboração desta envolveu com sessões de ideias com peritos e técnicos de todos os municípios. “Todos os municípios deram ideias. Organizamos varias sessões de criatividade e fomos perguntar a quem sabia. Os peritos que tiveram a simpatia de dar ideias e feedback”, explicou.

“Temos de ter uma estrutura de governança”

Para a concretização desta Estratégia de Inovação para a Área Metropolitana de Lisboa, é fundamental um modelo de governança. “Todos partilhamos que ter uma estratégia de inovação é relevante para a nossa região, mas, se queremos consolidar isso, temos de ter uma estrutura de governança: uma estrutura metropolitana com representação de todos os municípios tem de ser uma prioridade, tem de estar na agenda”, salientou Victor dos Santos. “Isto não pode ser feito à custa da boa vontade.” Outro aspecto importante é a criação de uma plataforma digital comum, onde seja “possível partilhar problemas e soluções”. “Se conseguirmos isso, um projecto que seja exemplar em Mafra pode ser partilhado no Barreiro”, exemplificou o coordenador da NOVA IMS.

Para o responsável, a estratégia deve ainda ser assente numa marca metropolitana forte – “uma marca que nos permita dizer la fora que existe aqui uma das regiões mais inovadoras da Europa” – e ainda na valorização do capital simbólico da região, ou seja, das particularidades do território muitas vezes esquecidas, como o mar, os estuários do Tejo e do Sado, ou a riqueza artística, cultural e paisagística de uma região heterogénea, que tanto oferece praia como serra, urbanidade como ruralidade. A estratégia propõe mesmo a criação de rotas na área metropolitana de Lisboa que aliem o turismo à inovação, e que sejam quase que um ponto de partida para os municípios começarem sinergias entre si. “Se quisermos começar a construir sinergias, este pode ser um ponto de partida. Ter os municípios a construir uma rota comum, porque não?”, desafiou.

Estratégia de Inovação para a Área Metropolitana de Lisboa (DR)

A Estratégia de Inovação para a Área Metropolitana de Lisboa visa aumentar os projectos de inovação existentes na região, desenvolver iniciativas de marketing territorial “podemos ter tudo na nossa área metropolitana e ser os melhores, mas se não comunicarmos, ninguém vai saber” –, melhorar as infraestruturas de apoio à inovação e criar o tal modelo de governança. Para tal, Victor dos Santos propõe “projectos realistas” pois “não vale a pena estarmos aqui com coisas megalómanas”, como activar o capital simbólico da região através de rotas, o lançamento de uma marca metropolitana, um grande evento metropolitano anual focado em invocação e criatividade, e uma plataforma de impacto social para a região ou um um plano de comunicação intermunicipal capaz de expor a região como referência nacional e internacional.

“Um marco no nosso compromisso colectivo de promover um ambiente propicio à inovação”

Carlos Humberto de Carvalho, primeiro-secretário metropolitano, referiu, na apresentação desta estratégia, que a mesma “representa um marco no nosso compromisso colectivo de promover um ambiente propicio à inovação, ao crescimento e desenvolvimento sustentável, que tem como foco a melhoria da qualidade de vida em toda a nossa região”. Acrescentou, ainda que “num momento em que as exigências colocadas ao poder local se tornam cada vez mãos complexas, torna-se fundamental reforçar a nossa capacidade de planeamento conjunto, aprofundando a cooperação intermunicipal e a aposta em soluções inovadoras ao serviço das populações”.

Para o primeiro-secretário metropolitano, “a prioridade dada à coesão interna, à atracção de talento, à valorização dos recursos do mar e à afirmação internacional da região, entre outras, reflete as preocupações e as oportunidades sentidas pelos municípios e coloca a inovação no centro do nosso desenvolvimento futuro”.

A apresentação da Estratégia de Inovação para a Área Metropolitana de Lisboa juntou cerca de 80 convidados no dia 30 de Junho, no Beato Innovation District – Unicorn Factory Lisboa. O diagnóstico, o plano estratégico e o plano de acção desta estratégia estão disponíveis aqui.

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