A Avenida Santos Dumont, junto à Praça de Espanha, à Gulbenkian e ao bairro do Rego, vai ganhar passeios confortáveis, passadeiras sobrelevadas, mais árvores e uma pista ciclável, que será maioritariamente 30+bici.
A Avenida Santos Dumont, entre a Gulbenkian e o bairro do Rego, em Lisboa, vai ser requalificada. Com esta intervenção, a avenida vai ganhar passeios confortáveis, passadeiras sobrelevadas, uma pista ciclável (tanto segregada como em modelo partilhado 30+bici) e uma via rodoviária por sentido.
A requalificação da Avenida Santos Dumont vem na sequência da intervenção recente na Praça de Espanha, que envolveu a construção de um parque urbano e o redesenho da rede viária. Esta nova praça “é a génese de uma transformação urbana que se quer mais abrangente e integradora. A alteração de paradigma que propõe, para uma cidade mais ecológica e mais humana, não se esgota na construção do parque”, pode ler-se na documentação do projecto. A “centralidade e espaço público qualificado” da Praça de Espanha “antecipam uma maior atractividade da Avenida Santos Dumont, prevendo-se um maior usufruto pedonal e crescente actividade comercial”.
A intervenção na Avenida Santos Dumont vai custar cerca de 1,18 milhões de euros e será executada construtora Estrela do Norte, sendo uma obra da responsabilidade da empresa municipal SRU. A avenida ganhará um perfil uniforme com um alinhamento de árvores contínuo no separador central, onde existirá estacionamento e um corredor pedonal de acesso a esse estacionamento. Junto às fachadas, também existirá estacionamento, mas a maior alteração diz respeito à introdução de pavimento confortável para andar a pé bem como a sobrelevarão de todas as passadeiras. Desta forma, pretende-se melhorar a mobilidade pedonal, tornando-a mais acessível e segura, e, dessa forma, estimular o comércio existente e atrair novos estabelecimentos comerciais.
A Avenida Santos Dumont passará a ser um percurso 30+bici, convidando à circulação partilhada de bicicletas e automóveis, excepto no troço junto à Praça de Espanha, onde existirá no separador central uma pequena ciclovia bidireccional de 2,50 metros de largura. Também nesse local está prevista a instalação de uma estação de bicicletas partilhadas GIRA.
A Santos Dumont é hoje uma avenida calma e pacata da cidade, com passeios irregulares, um separador central desorganizado e sem qualquer medida de acessibilidade pedonal. Com a criação do Parque Urbano Gonçalo Ribeiro Telles e a reorganização viária da Praça de Espanha, pretende-se transformar esta avenida esquecida – onde existe já algum comércio – numa avenida central, até porque para as imediações estão previstas as novas sedes do Pingo Doce e do Montepio, bem como novos empreendimentos habitacionais.
A requalificação da Avenida Santos Dumont abrangerá uma área aproximada de 9 mil m2, sendo que está previsto, no futuro, a requalificação de toda a envolvente, numa área superior a 25,4 mil m2. Essa intervenção envolverá a criação de um corredor arbóreo junto à linha de comboio para um melhor enquadramento paisagístico, a criação de um novo arruamento ligado à Avenida dos Combatentes e o prolongamento da Rua Actor Alves da Costa para estabelecer um novo acesso ao IPO.
A Avenida Santos Dumont é paralela à Avenida de Berna, que, em 2023, deixou de ter ciclovias unidireccionais em toda a sua extensão. O canal tinha sido criado em 2021, ainda no mandato de Medina, no seio de alguma polémica. A Câmara de Lisboa decidiu, no actual mandato, reduzir pista ciclável da Avenida de Berna, mantendo-a apenas no quarteirão da Gulbenkian, em formato bidireccional – uma decisão que o Vice-Presidente da autarquia já admitiu ter sido “uma questão política” e não uma decisão técnica.
Na apresentação dos resultados da auditoria à rede ciclável, há duas semanas, Filipe Anacoreta Correia disse que o relatório dessa auditoria é omisso em relação a essa ciclovia [aquando da visita dos auditores, ainda havia ciclovia em toda a extensão da avenida]. O Vice-Presidente frisou que havia “uma promessa eleitoral da Junta de Freguesia das Avenidas Novas” e “um consenso de que a ciclovia estava mal desenhada”, mas disse que a decisão da Câmara de remover parte do canal ciclável para colocar estacionamento automóvel foi feita à parte da auditoria.
“Estamos neste momento com uma solução provisória e estamos a concluir o projecto para a a solução definitiva”, um projecto que está incluído no plano de acção apresentado há duas semanas e que pressupõe o prolongamento da pista para bicicletas, hoje existente apenas no quarteirão da Gulbenkian, junto à Praça de Espanha, por mais dois quarteirões, até à FCSH.
O canal ciclável agora existente na Avenida de Berna não cumpre os mínimos legais, está a ser alvo de uma queixa ao Ministério Público por parte das associações MUBi e ZERO, e encaminha os ciclistas para uma via partilhada 30+bici, na Avenida Elias Garcia, que, segundo a auditoria, é insegura e desconfortável para quem utiliza a bicicleta por ter muito tráfego automóvel.
O novo percurso ciclável na Avenida Santos Dumont não substituirá o actual da Avenida de Berna e serão dois trajectos paralelos. No entanto, a nova pista bidireccional e 30+bici da Santos Dumont ficará mais desconectada da rede ciclável da cidade, tendo apenas uma ligação directa com as ciclovias da Praça de Espanha, uma vez que deixaram de existir ciclovias unidirecionais na Avenida de Berna.
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